domingo, 14 de agosto de 2011

Capítulo II - Parte I

     “ - Corra – a mesma voz feminina que sempre lhe sussurrava em suas visões mandou e ela obedeceu

     Correndo na escuridão Jenny não sabia onde estava e nem do que estava fugindo, ela só sabia que precisava fugir. Latidos começaram a ressoar bem atrás dela, mas por mais que ela tentasse era impossível correr mais rápido, a cada novo passo ela parecia ir mais lentamente, como se estivesse em câmera lenta.

     Então ela estava caindo e caindo e caindo... e não conseguia gritar, por mais que quisesse, ela não conseguia gritar. Quando Jenny finalmente atingiu o chão, todos os seus músculos gritaram protestando, mas a dor rapidamente passou e ela pôde se levantar.

     Continuava escuro, Jenny esperou mais um pouco agachada, mas os latidos tinham cessado completamente. Com passos pequenos e mãos estendidas no ar, ela tentou encontrar uma parede ou alguma coisa sólida, mas onde, exatamente, ela estava?

     Assim que os seus dedos encontraram uma coisa solida ela tratou de identificar o que era. Com certeza era uma parede feita de um tipo de metal gelado. Todos os nervos de Jenny gelaram, ela só conhecia um ligar onde as paredes eram reforçadas de metal – o único lugar que ela conhecia – o Domínio.

     Jenny tentou se acalma. Até agora ela só conhecia o Domínio e uma parte da cidade da fronteira, e é claro que poderia existir casas e outros lugares revestidos com metais.

     Juntando toda a sua coragem, ela continuou a andar, com as mãos pregadas no frio metal. Depois de um tempo ela finalmente encontrou um interruptor e acendeu a luz. Quem dera ela tivesse deixado tudo mergulhado na escuridão.

     Sarah jazia deitada em uma maca com os punhos e tornozelos presos por espessas ligas de metal, por um segundo Jenny apenas observou, sua amiga estava branca como um cadáver e seu peito quase não se mexia quando ela respirava. Antes mesmo que Jenny pudesse fazer alguma coisa, qualquer coisa, para ajudar Sarah, o chão aos seus pés cedeu e ela, novamente, estava caindo.

     Dessa vez Jenny não estava na total escuridão, uma luz brilhava em baixo dela e assim que ela caiu sentada, um enorme carro – que uma vez tinham lhe explicado que era um transporte coletivo – a atravessou. Isso sempre a assustava, porém quando ela estava em uma visão nada podia toca-la e ela não podia tocar em nada, já que tecnicamente ela não estava realmente ali.

     Jenny correu para sair do cruzamento em que tinha caído, mas parou, alguma coisa estava errada. Alguma coisa estava tremendamente errada. Ela girou, procurando o que a tinha feito se sentir tão estranha de repente.

     As pessoas andavam despreocupadas pela rua, os carros trafegavam tranquilamente pela avenida, o barulho que os carros mais antigos faziam não era completamente tão ruim assim. Tudo estava perfeitamente calmo.

     Calmo, esse era o problema. Desde de que Jenny tinha fugido do Domínio ela não tinha tido nem sequer um minuto para os próprios pensamentos. A paz, para ela parecia estranha, mas muito bem-vinda.

     Sem se dar conta do que exatamente fazia, Jenny entrou em um condomínio, que lhe parecia familiar. E se deparou com, nada mais, nada menos do que com ela mesma sentada em baixo de uma grande arvore.

     Ela parou, estava acostumada com aquilo, só que isso não fazia com que a situação se tornasse menos estranha. Quando menos esperava a sua cópia – como ela chamava – olhou diretamente para ela. Um friozinho percorreu todo o corpo dela, a sua cópia não podia estar olhando diretamente para ela, isso era impossível já que tecnicamente ela não estava realmente ali.

     A sua cópia se levantou e começou a correr na sua direção, parecia desesperada. Durante todo o pequeno trajeto a única coisa que Jenny pôde fazer foi ficar olhando, ela esperava que a ela da visão a atravessa-se, mas quando o encontro aconteceu a cópia não a atravessou, mas sim a agarrou pelos ombros como se Jenny fosse uma coisa extremamente sólida e firme.

     Em todos os seus anos – pelo menos nos que ele se lembrava de ter tido – Z2 nunca tinha ficado tão surpresa como estava. O impacto da sua cópia fez com ela cambaleasse para trás e quase perdesse o equilíbrio.

     - Você precisa encontrar o irmão gêmeo de Sarah – Jenny não conseguiu se mexer enquanto a sua sombra falava, aquilo não poderia estar acontecendo – O mais rápido possível – A sombra olhou para trás e quando se virou, colocou um pedaço de papel na mão de Z2 – CORRA !!!

     Mesmo depois de ter sido empurrada com força para fora do portão de metal eletrificado da entrada do condomínio, Jenny não conseguiu se mexer. Ao longe ela viu um grupo de pessoas fardadas com o traje dos agentes do Domínio, e antes mesmo que qualquer uma das duas Jennys pudessem fazer alguma coisa eles dispararam, e Z2 assistiu a si mesma cair na poça do próprio sangue no meio da calçada, cheia de buracos de bala.

2 comentários:

  1. Adorei, vc escreve muito bem! Parabéns e sucesso.
    Bjos
    Lilo
    Redenção

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  2. Aaah Luiza, kd as postagens? mimi T.T estou no vácuo.

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