segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os Anjos Sentinelas - Eternamente

Título Nacional: Eternamente
Ano de Lançamento: 2011
Número de Páginas: 248 páginas
Editora: Rai Editora
Tradutor: Gilson Cezas Cardoso de Souza

Título Original: Eternity

Sinopse: Ellie tem que lidar com a difícil missão de ser a Eleita para salvar o mundo. Com as responsabilidades aumentando, seu relacionamento com Michael vai de mal a pior, e a situação chega ao limite quando ela conhece um rapaz muito especial, chamado Rafe. A hora tão esperada finalmente chegou, e a garota tem que aprender a usar seus poderes para enfrentar os anjos caídos. Sabendo de seu importante papel, ela tenta deixar as emoções de lado, mas logo descobre que aquele que tem a chave para o seu coração também é responsável pela salvação ou destruição da humanidade. Com o homem certo ao seu lado, nossa heroína encontrará as forças para enfrentar o seu destino e encarar um difícil dilema – salvar a humanidade à custa de uma grande perda





segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Capítulo II - Parte II


     Eu não vou conseguir Alex pensou, enquanto começava a sentir que o seu poder estava saindo do controle, dois segundos depois a bola da fogo que ele tenteava materializar fraquejou e apagou.

     Irônico, mesmo quando eu tento com todas as minhas forças as coisas sempre saem do meu controle, sempre o pensamento passava pela sua cabeça enquanto ele se deixava levar pela fadiga e pelo cansaço, caindo sentado no chão.

     - Isso é inútil – ele falou mais para si mesmo do que para Kayla

     - Você melhorou bastante desde a última vez que nós treinamos – ela disse e ele a olhou cético enquanto Kayla estendia a mão par ajuda-lo a se levantar

     Alex passou alguns segundos apenas olhando a mão que ela lhe oferecia antes de finalmente aceita-la e se por de pé

     Kayla era, assim como ele, uma mutante. Mas não uma mutante qualquer, ela era boa, muito boa e conseguia controlar o seu poder muito melhor do que ele. Alex tinha-na encontrado escondida em um pequeno armazém onde ele costumava guardar as suas armas e munições.

     Ele ainda se lembrava daquele dia nublado, a dois anos atrás, em que tinha decidido dar uma olhada nas suas armas para conferir se a fiscalização não as tinha confiscado, assim que ele tinha posto o pé dentro do armazém Kayla o tinha atacado e sinceramente ele ainda não sabia porque continuava vivo, ela poderia te-lo matado a qualquer momento apenas com um piscar de olhos, e alguma coisa o dizia que ela não teria nenhum tipo de compaixão se o fizesse.

     - É fácil, presta atenção – Alex voltou a sua atenção, novamente, para Kayla e a observou jogar uma de suas inúmeras adagas para cima, controlando-a para que ela continuasse flutuando – Você só precisa se concentrar e fazer o seu poder fluir a partir daqui

      Ela falou colocando a mão em cima do lado esquerdo do peito dele, ele olhou dentro dos olhos dela, subitamente percebendo a mínima distância entre eles

     - Isso não vai dar certo – ele sussurrou, tanto em relação a eles dois quanto em relação ao mínimo controle que ele possuía sobre os seus poderes

Ela passou os braços ao redor do pescoço dele e sorriu

     - você ainda nem tentou - com um impulso não muito grande, já que ela era quase da mesma altura que ele, ela juntou os lábios com os dele.

     A primeira reação que ele teve foi a de empurra-la para longe, mas ele decidiu que esse não seria a melhor maneira de afasta-la, então com um suspiro de resignação, ele retribuiu o beijo.

     Desde que Kayla tinha passado a morar com ele, ela vinha demonstrando que o queria não só com, vamos dizer, amigo. O problema, pelo menos na opinião dele era que além de nunca tê-la imaginado dessa forma , ele ainda estava muito ocupado tentando encontrar uma forma de tirar a sua irmã das mãos do Domínio.

     A lembrança da sua irmã gêmea fez com que Alex empurrasse Kayla, separando-a dele, ele deveria estar tentando criar um jeito de liberta-la e não se divertindo as custas do seu sofrimento.

     Ele a olhou, com o cenho franzido, mas logo voltou ao normal como se não quisesse discutir aquilo. Kayla não conseguia entender. Já faziam dois anos que eles estavam morando juntos – apenas no sentido literal – e ela sempre demonstrou que queria tê-lo não só como parceiro contra o Domínio, mas mesmo assim ele sempre se mostrava alheio a ela e as suas investidas.

     Irritado, Alex foi até a geladeira e pegou uma cerveja. Ele não era muito de beber, mas ultimamente o seu pouco desempenho com o seu próprio poder, tinha-o deixado meio deprimido, sem contar o fato de que ele não conseguia sequer pensar em Kayla como uma namorada. Recostado na bancada da cozinha, ele tentou saborear o álcool que ingeria, sem muito sucesso, se ele quisesse resgatar Sarah, primeiro ele teria que poder lutar contra o Domínio.

     Kayla se sentou ao lado dele na bancada girando uma adaga toda trabalhada em uma das mãos, mas sem encostar na mesma, ela parecia não se importar com o acontecido a pouco, ou sabia fingir muito bem.

     - É só questão de tempo para você conseguir, você é poderoso e tem potencial – Alex segurou a vontade de gritar.

     - O problema – ele sussurrou entre dentes – é que eu não tenho tempo para perder

     Kayla desceu da bancada e se recostou no peito dele, por algum motivo aquilo pareceu intimo demais para ele, que se mexeu desconfortável, por mais que ele a rechaçasse ela sempre voltava a jogar indiretas.

     - Vamos tentar de novo

     Alex respirou fundo, sinceramente, assim que Kayla se ofereceu para ajuda-lo, ele a imaginou como sendo uma companhia quieta e, de certa forma, agradável, talvez por ela fazer o estilo rebelde com o cabelo curto e franja longa, com piercings na sobrancelha e na orelha direita., mas ela era totalmente ao contrario do que fingia ser.

     Kayla sabia ser sarcástica como ninguém, mas ao contrario das outras pessoas ela também sabia a hora de parar com as brincadeiras e se tornar séria.

     - É melhor não, - pensou em voz alta – Eu estou com fome e a comida acabou – ele falou lembrando que tinha acabado de comer o último sanduíche.

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     Jenny estava a apenas um passo de desistir e se entregar ao Domínio. Quando a terceira nave robô passou voando pela sua cabeça, sem conseguir rastrea-la, ela já estava cansada de se esconder como uma criminosa. Ou será que era realmente um crime querer viver?

     Sem perceber, Z2 se viu olhando um casal de senhores dando comida aos pássaros, alheios a tudo e a todos. Ela queria ser que nem aquela senhora, ela queria poder envelhecer. Mas ela tinha perdido isso a muito tempo, desde o dia em que fora capturada pelo Domínio. Eles a forçavam a levar injeções que impediam que ela envelhecesse, e que com o uso continuo a deixaram infértil.

     Tinha passado muitos anos no Domínio, apesar de não saber ao certo quantos foram com toda certeza ela tinha perdido boa parte da sua vida trancafiada, tirando os poucos momentos em que ela era escalada para algum trabalho. Jenny odiava isso, forçavam na a matar ou até mesmo torturar outros mutantes, apesar de não gostar ela não podia fazer nada porque nesses casos ou ela torturava ou era torturada e por mais que isso a fizesse sofrer e a deixasse sem dormir por, no mínimo, uma semana o extinto de sobrevivência era maior.

     Jenny apertou a cabeça contra as mãos e se deixou cair novamente calçada. Desistir não seria a pior coisa do mundo, já que o domínio precisava dela, por isso a insistência em encontra-la. Era ela que previa tudo o que iria acontecer para que eles ficassem preparados para o pior, mas isso era doloroso para ela. Para que Z2 tivesse uma visão clara sobre o que iria acontecer, eles descobriram que ela precisava estar sentindo uma emoção muito forte, de perda, de tristeza ou... de dor.

     Eles optaram pelo caminho mais fácil, todas as vezes que eles queriam que ela previsse alguma coisa eles chamavam Elijah. Um monstro é isso que ele é, um terrivel monstro sem coração. O poder dele era devastador, ele podia fazer com que uma pessoa sentisse o que ele queria, qualquer coisa, desde de um tiro até uma cabeça descepada. Nessas horas Jenny desejava com todas as suas forças poder morrer, ela desejava um fim rápido para toda aquela dor.

     Enxugando as lágrimas que tinham voltado a cair pelas bochechas de Z2, ela se levantou e resolveu fazer a coisa mais lógica, se entregar. Já estava do outro lado da rua quando avistou um casal sair de dentro dos portões elétricos do prédio.

     A mulher tinha a pele de um moreno claro e os cabelos castanhos curtos não chegavam ao ombro e os olhos eram de um mel maravilhoso e bastante vivido, já o homem, Jenny não acreditava que estava vendo-o. Com a pele clara e os cabelos de um castanho escuro, ele era a versão masculina de Sarah.

     Ainda sem acreditar ele olhou-os atravessarem a rua e passarem do seu lado, não tinha dúvidas, ele só podia ser o irmão gêmeo de Sarah. Sem pensar duas vezes Jenny começou a segui-los. Aquilo só podia ser um milagre.


ESPERO QUE VOCÊS TENHAM GOSTADO *_*
ATÉ A PRÓXIMA !!!

domingo, 25 de setembro de 2011

Desculpas + PlayList

Oiiee gente, finalmente eu tomei vergonha na cara jeito e resolvi voltar a postar no blog,
tudo graças a minha parceira Juliana do blog Saga Pantalon,
hoje eu vi o comentário que ela postou e eu fiquei realmente triste por isso ser a verdade,
Mas eu juro que eu irei voltar a postar com mais frequência,
e para compensar os caps serão maiores agora,
Por enquanto que eu não posto os caps fiquem com uma música que eu simplesmente adoro e que é a cara de Jenny.

Hello

Playground school bell rings again
Rain clouds come to play again
Has no one told you she's not breathing?
Hello I am your mind giving you someone to talk to... Hello

If I smile and don't believe
Soon I know I'll wake from this dream
Don't try to fix me I'm not broken
Hello I am the lie living for you so you can hide, don't cry

Suddenly I know I'm not sleeping
Hello I'm still here
All that's left of yesterday

Olá

O sinal do pátio da escola toca de novo
Nuvens de chuva aparecem novamente
Ninguém te disse que ela não está respirando?
Olá, sou sua mente te dando alguém para conversar... Olá

Se eu sorrir e não acreditar
Logo eu sei que irei despertar deste sonho
Não tente me consertar, não estou quebrada
Olá, eu sou a mentira vivendo por você assim você pode se esconder, não chore

De repente eu sei que não estou dormindo
Olá, ainda estou aqui
Tudo o que restou de ontem





domingo, 14 de agosto de 2011

Capítulo II - Parte I

     “ - Corra – a mesma voz feminina que sempre lhe sussurrava em suas visões mandou e ela obedeceu

     Correndo na escuridão Jenny não sabia onde estava e nem do que estava fugindo, ela só sabia que precisava fugir. Latidos começaram a ressoar bem atrás dela, mas por mais que ela tentasse era impossível correr mais rápido, a cada novo passo ela parecia ir mais lentamente, como se estivesse em câmera lenta.

     Então ela estava caindo e caindo e caindo... e não conseguia gritar, por mais que quisesse, ela não conseguia gritar. Quando Jenny finalmente atingiu o chão, todos os seus músculos gritaram protestando, mas a dor rapidamente passou e ela pôde se levantar.

     Continuava escuro, Jenny esperou mais um pouco agachada, mas os latidos tinham cessado completamente. Com passos pequenos e mãos estendidas no ar, ela tentou encontrar uma parede ou alguma coisa sólida, mas onde, exatamente, ela estava?

     Assim que os seus dedos encontraram uma coisa solida ela tratou de identificar o que era. Com certeza era uma parede feita de um tipo de metal gelado. Todos os nervos de Jenny gelaram, ela só conhecia um ligar onde as paredes eram reforçadas de metal – o único lugar que ela conhecia – o Domínio.

     Jenny tentou se acalma. Até agora ela só conhecia o Domínio e uma parte da cidade da fronteira, e é claro que poderia existir casas e outros lugares revestidos com metais.

     Juntando toda a sua coragem, ela continuou a andar, com as mãos pregadas no frio metal. Depois de um tempo ela finalmente encontrou um interruptor e acendeu a luz. Quem dera ela tivesse deixado tudo mergulhado na escuridão.

     Sarah jazia deitada em uma maca com os punhos e tornozelos presos por espessas ligas de metal, por um segundo Jenny apenas observou, sua amiga estava branca como um cadáver e seu peito quase não se mexia quando ela respirava. Antes mesmo que Jenny pudesse fazer alguma coisa, qualquer coisa, para ajudar Sarah, o chão aos seus pés cedeu e ela, novamente, estava caindo.

     Dessa vez Jenny não estava na total escuridão, uma luz brilhava em baixo dela e assim que ela caiu sentada, um enorme carro – que uma vez tinham lhe explicado que era um transporte coletivo – a atravessou. Isso sempre a assustava, porém quando ela estava em uma visão nada podia toca-la e ela não podia tocar em nada, já que tecnicamente ela não estava realmente ali.

     Jenny correu para sair do cruzamento em que tinha caído, mas parou, alguma coisa estava errada. Alguma coisa estava tremendamente errada. Ela girou, procurando o que a tinha feito se sentir tão estranha de repente.

     As pessoas andavam despreocupadas pela rua, os carros trafegavam tranquilamente pela avenida, o barulho que os carros mais antigos faziam não era completamente tão ruim assim. Tudo estava perfeitamente calmo.

     Calmo, esse era o problema. Desde de que Jenny tinha fugido do Domínio ela não tinha tido nem sequer um minuto para os próprios pensamentos. A paz, para ela parecia estranha, mas muito bem-vinda.

     Sem se dar conta do que exatamente fazia, Jenny entrou em um condomínio, que lhe parecia familiar. E se deparou com, nada mais, nada menos do que com ela mesma sentada em baixo de uma grande arvore.

     Ela parou, estava acostumada com aquilo, só que isso não fazia com que a situação se tornasse menos estranha. Quando menos esperava a sua cópia – como ela chamava – olhou diretamente para ela. Um friozinho percorreu todo o corpo dela, a sua cópia não podia estar olhando diretamente para ela, isso era impossível já que tecnicamente ela não estava realmente ali.

     A sua cópia se levantou e começou a correr na sua direção, parecia desesperada. Durante todo o pequeno trajeto a única coisa que Jenny pôde fazer foi ficar olhando, ela esperava que a ela da visão a atravessa-se, mas quando o encontro aconteceu a cópia não a atravessou, mas sim a agarrou pelos ombros como se Jenny fosse uma coisa extremamente sólida e firme.

     Em todos os seus anos – pelo menos nos que ele se lembrava de ter tido – Z2 nunca tinha ficado tão surpresa como estava. O impacto da sua cópia fez com ela cambaleasse para trás e quase perdesse o equilíbrio.

     - Você precisa encontrar o irmão gêmeo de Sarah – Jenny não conseguiu se mexer enquanto a sua sombra falava, aquilo não poderia estar acontecendo – O mais rápido possível – A sombra olhou para trás e quando se virou, colocou um pedaço de papel na mão de Z2 – CORRA !!!

     Mesmo depois de ter sido empurrada com força para fora do portão de metal eletrificado da entrada do condomínio, Jenny não conseguiu se mexer. Ao longe ela viu um grupo de pessoas fardadas com o traje dos agentes do Domínio, e antes mesmo que qualquer uma das duas Jennys pudessem fazer alguma coisa eles dispararam, e Z2 assistiu a si mesma cair na poça do próprio sangue no meio da calçada, cheia de buracos de bala.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PlayList #03

Mais uma música que me inspirou bastante a escrever o livro Através do Espelho,
Espero que vocês gostem dela : )

Sweet Dreams (Are Made Of This)

Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?
Travel the world and the seven seas
Everybody's looking for something
Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused

Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?
Travel the world and the seven seas
Everybody's looking for something
Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused

Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?

Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused

Doces Sonhos (são Feitos Disso)

Doces sonhos são feitos disso
Quem sou eu para discordar?
Viagem ao mundo e os sete mares
Todo mundo está procurando por algo
Alguns deles querem te usar
Alguns deles querem ser usados por você
Alguns deles querem abusar de você
Alguns deles querem ser abusados por você

Doces sonhos são feitos disso
Quem sou eu para discordar?
Viagem ao mundo e os sete mares
Todo mundo está procurando por algo
Alguns deles querem te usar
Alguns deles querem ser usados por você
Alguns deles querem abusar de você
Alguns deles querem ser abusados por você

Doces sonhos são feitos disso
Quem sou eu para discordar?

Alguns deles querem te usar
Alguns deles querem ser usados por você
Alguns deles querem abusar de você
Alguns deles querem ser abusados por você



domingo, 7 de agosto de 2011

Capítulo I - Parte III

     Escondida atrás de um muro da cidade da Fronteira, Jenny observava uma garota atravessar a rua na sua direção, a menina tinha mais ou menos as suas medidas e cabelos longos e negros ondulados, mesmo sabendo que tinha despistado os carrascos – uma especie de mutante que literalmente faz com que você perca todos os seus movimentos com apenas um toque – e os farejadores – outra especie de mutante que podem encontrar a pessoa “perdida” a partir do olfato - ela continuava com maus pressentimentos.

     Quando a menina chegou perto o suficiente do beco, Jenny a puxou pelo braço.

     - AI! O que você está fazendo – Assim que a garota, de nome Carla, viu as roupas com que Jenny estava vestida, ela ameaçou gritar mas os olhos da mutante já tinham capturado os dela.

     A cabeça de Z2 latejava, ela não esperava que iriam existir tantas vozes na sua cabeça quando ela finalmente chegasse a um bairro nobre, porém pouco populoso, como aquele, talvez isso se deva pelo fato de que ela nunca tenha convivido com tantas pessoas antes.

     Carla começou a se despir por ordem de Jenny que fazia o mesmo, não era uma ideia brilhante mais era a única em que a mutante tinha conseguido pensar em meio a tantas vozes. Z2 recolheu as roupas da garota e vestiu-as, forçando Carla a vestir as do Domínio.

     Jenny achou no bolso da calça surrada de Carla um estilete e antes de poder mudar de ideia começou a cortar o cabelo. As madeixas castanhas caiam no chão sujo do beco escuro e uma dor atravessou o peito dela. Vendo o cabelo, que era a única coisa que tinha sobrado de uma vida que ela não se lembrava e que na verdade ela nem sabia se tinha realmente vivido, cair morto.

     Z2 passou as mãos no que tinha restado do seu cabelo que agora estava desalinhado e com um lado maior que o outro, apesar da aparência rebelde aquilo combinava perfeitamente com as calças surradas e a blusa folgada que eram da garota.

     Ela olhou para Carla que estava nervosa e sem saber o que fazer. Exatamente do jeito que uma fugitiva deveria parecer. Antes de ir embora Jenny instruiu Carla a correr e a se esconder e então finalmente saiu para a verdadeira civilização.

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     Sentada no balanço de um parquinho de uma cidade pequena da fronteira, Jenny sabia que não podia se demorar, mas ela não fazia ideia do que fazer. Ela sabia que tinha que voltar ao Domínio para, de algum jeito, pegar Sarah.

     Até aquele momento Jenny tinha se proibido de pensar em Sarah, mas agora era inevitável tentar esquece-la ou fingir que ela nunca existiu. De algum jeito ela não podia deixar a única amiga que teve em toda a sua vida sozinha e sofrendo o que ela sofreu por anos.

     Com os dedos dos pés enterrados na areia, a cabeça de Jenny continuava a latejar, mesmo estando em uma cidade com poucos habitantes as vozes ainda eram muitas. Ela não fazia a minima ideia do que fazer para pegar Sarah.

     Apesar de não querer admitir isso, Jenny sabia que não tinha poder suficiente contra o Domínio, ela era apenas uma vidente e só tinha começado a ler mentes e a controla-las a pouco tempo por causa do próprio Domínio, enquanto eles possuíam os maiores e melhores mutantes do que tinha restado do Brasil.

     Ela não gostava de pensar sobre a guerra de 2100 porque é a partir desse momento que as suas memorias começam e elas não são nada boas.

     O começo de tudo, pelo menos para ela, foi com a perda de uma pessoa muito importante. Quem? Nem isso ela conseguia lembrar, mas mesmo assim ela lamentava a perda do que talvez nunca tenha tido. Tudo lhe foi tirado e as únicas coisas que lhe restaram foram a dor e a solidão. Seu começo começa como o fim de muita pessoas, cheio de sangue e perda. Jenny passou anos intermináveis presa como um animal, saindo apenas quando ela era necessária em alguma missão, mas mesmo quando isso acontecia ela era acorrentada e usava um tipo de coleira de metal controladora, como se fosse um cachorro.

     Um calor seguido de algum tipo de corrente elétrica passou pelo seu corpo. Jenny sabia exatamente o que isso significava... e não gostava nada disso.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ingenuidade


Fugindo de um lugar frio
Onde a luz não consegue chegar
Oi eu sou a fugitiva
e você é o meu carcereiro
Eu estou sozinha nesse mundo
não, eu não tenho medo
Oi, eu estou muito no fundo?
Eu estou muito perdida para ser salva?
Eu estou muito no fundo para mudar?
100 mil ano eu passei gritando
chorando, chamando

Esperando por um príncipe que nunca chegara
Oi, eu sou a condenada a forca
Mas não acho que vou morrer hoje
Porque minha hora não chegou
Eu não vou cair de novo
Eu não vou acreditar de novo
Porque todas as células do meu corpo estão gritando
A ingenuidade custa caro

- Luiza R. O. Xavier